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Fotos da Trip Girl Krysna Nóbrega

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Dani L

“Uma vez, um dos meus instrutores de yoga me disse que antes de nascermos o nosso espírito sussurra o nome que escolheu ao ouvido de nossos pais”, responde, orgulhosa, a Trip Girl Krysna Nóbrega, quando questionada sobre a origem do seu nome. A paraibana de João Pessoa conta que seus pais, hippies na época, foram buscar inspiração no oriente. Krishna, na grafia original, é a personificação da divindade no hinduísmo, o protagonista do Bhagavad Gita. 

“Toda palavra contém uma energia. Passamos nossas vidas inteiras ouvindo pessoas nos chamando por nossos nomes. O nome molda nossas personalidades”. E Krysna define a si própria como uma mulher de personalidade forte. “Sou escorpião com escorpião, intensa”, provoca.

Designer e ilustradora talentosa, atua na área desde desde os 17 anos.  Ama fazer ilustração, cartazes de shows e eventos, mas está decepcionada com a carreira. O briefing dos clientes já não lhe interessa mais. Krysna está em busca de um trabalho onde enxergue mais sentido para si mesma.

O próximo passo, voltar a estudar e prestar vestibular em psicologia. "Pretendo me dedicar à massoterapia, mais especificamente à massagem ayurvédica”, conta a moça que, assim como os pais, agora busca influência no oriente. “Acho muito doido quando as pessoas dizem 'mas você vai largar o design?!’. Daí eu respondo: mas eu só tenho 23 anos!”

As fotos foram feitas na casa de um casal de amigos que são donos de uma loja de artigos indianos. A decoração não podia ser mais propícia. Sobre o ensaio, Krysna conta que descobriu se sentir muito a vontade com sua nudez. "Fotografamos no domingo de Páscoa. Toda a família estava almoçando no jardim e eu, nua, na sala.”

Não é porque o futuro lhe parece incerto, que Krysna se deixa assustar. “Não faço planos para não gerar ansiedade, mas tenho uma certeza: quero estar viajando pra caralho!”.


Notas do subterrâneo: Victoria Garaventa pelada no metrô

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Loiro Cunha

Trip Girl Victoria Garavente

1
Fotografar no metrô foi bem maluco. Era quase meia-noite. Saímos da estação Consolação até a Vila Madalena, num dos últimos trens. A ideia era tentar captar certa selvageria da cidade, uma coisa meio "Anybody seen my baby", aquele clipe dos Stones. Estava tudo indo bem, eu estava apreensiva, mas tranquila. Todavia, assim que botei o pé no metrô, pronto: encontrei um cara que eu conheço, de uma galeria. Fiquei tensa. Mas conseguimos despistá-lo. Depois, tudo foi muito rápido, eu tirava uma parte da roupa, as fotos eram feitas. Então, a gente saiu, pegou o carro. Eu estava na caçamba, sem a parte de cima da roupa, naquele túnel da Paulista, com outros carros passando. Em resumo, foi bem divertido.

2
Eu amo São Paulo, nasci e cresci na cidade e acho que é um dos lugares mais legais do mundo. Nos últimos anos, porém, a selva de concreto me engoliu um pouco. Estar cercada por prédios altos, pegar tanto trânsito, ter sido assaltada, isso tudo teve um impacto sobre mim. Não ver o horizonte fez com que os problemas do dia a dia se tornassem maiores, então achei que era o momento de mudar de ares. Decidi vir para Los Angeles. A escolha pelos Estados Unidos se deu muito pela língua, inglês é o único idioma, fora o português, que sou fluente mesmo. E pelo momento da minha vida agora, meu marido tem uma banda de indie rock, e está fazendo uma turnê pela Califórnia. Aqui tem deserto, montanha, praia. E tem uma cena de arte de que gostei muito. A cena de arte de São Paulo é muito forte também, é verdade. Mas foi bom estar num lugar novo, com pessoas novas, é inspirador. O legal de Los Angeles é que tem gente do mundo inteiro, conheci mais estrangeiros do que americanos até agora por aqui. É como São Paulo, uma mistura incrível de culturas.

3
Aqui em Los Angeles esbarro em muitas lojas com materiais que uso no meu trabalho. Sou artista plástica e há alguns anos vim para cá fazer um curso de maquiagem e efeitos especiais. Queria aprender a técnica, essa coisa de pele, realista. Muito do que faço hoje é relacionado à anatomia. Gosto de taxidermia, por exemplo (como preservação e reciclagem, jamais proveniente de caça), e aqui o acesso a isso é muito fácil. Tem a ver com a cultura desse lado dos Estados Unidos. Outra das minhas paixões é o colecionismo. Eu tenho coleções meio bizarras. Tenho fetos de vários animais diferentes, ossos, crânios. Gosto de colecionar fragmentos de coisas – e depois criar um novo significado pra elas. Gosto de certa linha tênue entre o artificial e o natural. E de pensar que essas categorias são, no fundo, fundamentalmente conceitos.

4
Quando eu falo de aberrações ou da minha coleção de coisas bizarras (fetos, ossos, fragmentos do corpo) como referências para o meu trabalho, minha intenção é retirar esses elementos de um lugar extravagante e trazer isso para o lugar-comum, tradicional. Eu sempre tive interesse pelo corpo. Há um tempo, comecei a olhar para dentro e ver que por dentro todo mundo é estranho. E que poderia haver uma liberdade de criação aí, por ser uma coisa meio desconhecida. Comecei a colocar dois corações dentro de um tórax, inventar órgãos, inventar nomes, criar partes do corpo que não existiam, fazer hibridismos com animais e humanos. Eu me vejo como uma espécie de cientista. É como se eu estivesse pesquisando uma coisa que não existe, e enquanto pesquiso, vou inventando.

Loiro Cunha

Trip Girl Victoria Garavente

5
Antes de completar 18 anos, como treino, eu prestei vestibular para medicina. Depois, pensei que me realizaria mais nas artes plásticas mesmo. Há uns meses, fiz um vídeo para uma exposição. Peguei o vídeo de uma endoscopia, tratei a imagem, passei um blur e deixei a imagem em super slow motion. Coloquei sons gravados no espaço, da Nasa, e estendi o vídeo, que tinha dez minutos, para 1 hora, mais ou menos. A ideia é que isso seja projetado nas quatro paredes de uma sala, só que momentos diferentes do mesmo vídeo. Fico pensando: o corpo é um universo tão particular, estranho, algo fora do tempo.

6
A morte da minha mãe teve forte impacto sobre mim, sobre meu trabalho. Serviu não só para eu amadurecer cedo, mas também para eu ver a vida de outra maneira. Viver para mim, não para o que os outros achariam melhor ou mais certo. Prestar atenção numa certa fragilidade da vida. Eu tinha 13 anos, hoje tenho 25. Acho que meu trabalho tenta dialogar com esse lado efêmero e transitório. Tento usar elementos que estão mudando o tempo todo, se deteriorando. Coisas em que consigo enxergar o tempo.

7
Eu vejo um bicho morto e, claro, aperta meu coração, mas também vejo beleza na morte. Há pouco tempo, no meu ateliê em São Paulo, encontrei um passarinho morto na varanda. Ele havia caído do ninho. Fiquei observando aquilo e comecei a fotografar. Passei 13 dias fotografando as mudanças no passarinho, quer dizer, naquilo que era, mas já não era o passarinho. Na mesma semana, outro passarinho do ninho saiu do ovo, aprendeu a voar. Foi meio que o Discovery Channel ali na minha frente.

8
As pessoas têm um pouco de medo de arte contemporânea. Acaba se tornando algo fechado. As coisas parecem muito complicadas. Falta espaço para discussões mais abertas. No Brasil, gosto do trabalho da Sandra Cinto, do Walmor Correia. Eu adoro o Anish Kapoor, gosto de como ele trabalha com escala, pigmentos. Gosto muito da Cindy Sherman. Toda arte é política; só de fazer o espectador pensar, a arte já é política. Claro que existem trabalhos panfletários, mais diretamente políticos. E claro que a arte não precisa ser necessariamente diretamente política.

Loiro Cunha

Trip Girl Victoria Garavente

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Estou acompanhando os protestos recentes no Brasil pela internet. Difícil opinar de longe, mas acho que teria ido aos protestos de junho de 2013 – na época, eu estava aqui em Los Angeles. Mas às vezes se misturam tantas questões nesses protestos. Não são todas que me representam. Nas manifestações recentes eu com certeza não iria. Gente que não viveu a ditadura falando sobre ditadura. É complicado isso. O país já teve momentos horríveis, e as pessoas falando que este é o pior. Agora, eu nunca votei. Nunca me senti representada por ninguém, por nenhum político.

10
Quando pensei neste ensaio, fazer fotos nuas, pensei na ideia de desconstruir a ideia do nu em revista, do nu para o outro. Eu não vejo a Trip como uma revista masculina, é uma revista, e ponto. O empoderamento feminino está ligado ao poder de escolha da mulher. Suas opiniões e o que decide fazer com o próprio corpo, por ela mesma, e não pela sociedade ou pelos outros. Além disso, mostrar o seio não deveria ser tão polêmico assim. É um absurdo existirem leis proibindo mulheres de amamentar em público, por exemplo. Enquanto isso, um homem sem camisa é normal. Tornar públicas essas imagens é uma forma de fortalecer as mulheres, estimular a igualdade de gênero.

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Tenho nove tatuagens. Tenho um dente do siso. Gosto muito do formato do dente do siso. Tenho este anel com diamantes, que fiz quando casei. Tenho um Jackalope, que é um personagem interessante americano, um coelho com chifres – várias cidades do interior dos Estados Unidos têm a cabeça do Jackalope, de taxidermia, nos estabelecimentos. Tenho o meu sobrenome, que fiz depois que minha mãe morreu. E tenho um cupcake. Eu fui numa loja de cupcakes quando era pequena e voltei vários anos depois. Isso me trouxe várias lembranças, o cheiro, as cores. Foi uma viagem que fiz para os Estados Unidos, com a minha mãe.

Vai lá vickgaraventa.com

Leslie Richman

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A musa fitness californiana Leslie Richman está de férias no Brasil e convidou o #TripTV pra registrar esses momentos. Tá demais!

Fotos da Trip Girl Giovanna Ewbank com o marido, Bruno Gagliasso

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Daniel Aratangy

Ensaio Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso

12h Ao sinal de que a sessão de fotos vai começar, Giovanna Ewbank abre o roupão. Fica de calcinha e sutiã."Precisa dar um up no meu peito", pede ao fotógrafo. Não que ela não goste dos seios, pelo contrário, mas toma cuidado para que saiam bonitos na foto."Não tenho silicone, então, dependendo da pose, o peito natural fica meio estranho", diz. Seu marido, o ator Bruno Gagliasso, quase interrompe:"O peito dela é lindo, rosa. Estou há dias tentando convencê-la a mostrar"."O Bruno é muito mais desinibido do que eu, difícil ter vergonha de alguma coisa", comenta. Dentro de casa, os papéis se invertem: ela anda nua, ele, de cueca. É assim que o casal funciona. Tomam banho de porta aberta, se trocam um aos olhos do outro."Desde pequena minha mãe me deixava peladinha, ela sempre me pôs para dormir sem roupa", conta a moça, que manteve o hábito.

13h Valendo. Giovanna arruma o cabelo, se posiciona, dá aquela conferida no derrière e se ajeita no colo de Bruno. Ao comando do fotógrafo, eles entrelaçam pernas, mãos, carícias, olhares. Já se vão seis anos de amassos, sendo cinco sob o mesmo teto."Sexo é muito importante na relação. Bruno e eu ficamos pensando: ‘Será que daqui a uns anos vai ser a mesma coisa?’. Por enquanto parece que o namoro acabou de começar, estamos muito bem", conta."Às vezes, quando um não está a fim acaba rolando, a gente até faz para agradar o outro. Mas o Bruno gosta mais, acho que homem tem mais necessidade física do que a mulher", acredita. Acessórios entram na vida íntima?"Não, sou muito normal no sexo, mas é sempre legal trazer elementos novos para dar uma apimentada, como uma lingerie nova."

14h Os dois sobem para o quarto e ficam a portas trancadas com o fotógrafo. A risada de Giovanna é ouvida pela casa. Ela ri e fala alto."A minha fonoaudióloga pediu pra eu falar mais baixo, tô fazendo esse trabalho. O gravador pega? Porque eu não consigo me ouvir falando assim, parece que estou sussurrando", diz. Giovanna sempre teve a voz levemente rouca. Cresceu atendendo o telefone de casa e sendo confundida com o irmão. Filha de um arquiteto e de uma designer têxtil, nasceu na capital paulista e foi criada no Morumbi. É lá que se hospeda quando vem à cidade e mata a saudade dos quatro cães que vivem na casa dos pais – na casa que divide com Bruno, em Itanhangá, no Rio de Janeiro, cuida de mais cinco."Quando venho para São Paulo me sinto muito mais livre, voltando à minha vida, acho muito gostoso. Ando na rua de camisetão e calça de moletom, vou na padaria de pijama, meu pai fica morrendo de vergonha", conta. Na capital fluminense, para onde se mudou em 2006, quando estreou na TV em Malhação, não tem a mesma liberdade."Não dá para ir descabelada na farmácia do shopping", diz Giovanna, que participou de três novelas na Globo – a última, Joia rara, em 2013.

Daniel Aratangy

Ensaio Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso

15h Pausa para o almoço. Giovanna serve-se de um ovo frito e um pouco de massa. A moça come pouco e pratica esporte desde menina. Ginástica olímpica, balé, tênis. Hoje, luta muay thai e boxe."Nunca tive problema com o corpo, só com meu nariz, que achava grande", fala. Quando começou a fotografar como modelo, aos 15 anos, não gostava do ângulo do seu nariz em algumas fotos."Mas meus pais diziam que nariz grande era sinônimo de personalidade", ri. Na adolescência, Giovanna não gostava de chamar a atenção, se incomodava em ser vista."Morria de vergonha de usar decote, me sentia exposta. Minha mãe percebeu que isso atrapalhava minha relação com as pessoas, daí me colocou no teatro. Mudou a minha vida", conta.

16h O ensaio recomeça e Giovanna segue animada. Posa para Bruno como se quisesse conquistá-lo, pula na cama, se descabela."É a tua cara quebrar esse lustre, hein, Gio?", diz ele, quando ela levanta os braços e quase alcança o teto do quarto."A Giovanna é muito espontânea, não tem filtro, isso me atrai. Ela fala tudo na hora, é autêntica, íntegra, uma grande amiga", descreve o marido. Essa sinceridade toda veio à tona no início do namoro, quando ela vetou o uso de uma sunga vermelha dele."Tinha pânico dessa sunga. Ele parecia um go-go boy", ri. O casal pouco se desentende, as brigas mais recorrentes são sem importância."A gente dá risada o dia inteiro, nosso relacionamento nasceu de uma amizade. Às vezes rola um ciuminho de alguma coisa, mas é difícil. Não gosto de ter DR, acho um saco", diz Giovanna."Quando alguma coisa incomoda, a gente avisa um ao outro: ‘Ó, aquilo não achei legal’. Já fui bem ciumenta, era de guardar as coisas, mas hoje eu falo." Mas talvez nunca tenha dito para Bruno que não gosta de duas tatuagens dele: a palavra"sincronicidade" e o número 13, ambas no braço esquerdo."Não gosto da letra com que a palavra foi escrita e não acho o numeral bonito", fala. 

17h "Posso tirar uma foto com você?", pede a manicure que está trabalhando no ensaio."Claro", responde a atriz. Hoje, Giovanna não se incomoda com o assédio e com a exposição que a fama lhe trouxe. Mas nem sempre foi assim."No começo do namoro foi difícil, eu chorava, não sabia lidar com as notícias distorcidas", conta. Em 2012, passou por um turbilhão quando viu seu casamento quase acabar por causa do envolvimento de Bruno com a modelo Carol Francischini. Ele ainda foi apontado como suposto pai da filha dela, que engravidou na mesma época em que ficaram juntos – um teste de DNA comprovou não ser ele o pai."O que mais me incomodou não foi a exposição, foi ver que meu casamento tinha acabado. Era uma história que ia chegar ao fim antes de chegar ao fim", explica Giovanna, que ficou separada do marido por dois meses."Foi um chacoalhão, sofri muito. Não foi de uma hora pra outra que dei a chance de a gente retomar. Pensei muito sobre tudo o que tínhamos vivido, fiquei duas semanas sem falar com ele. E acho que foi a nossa amizade que acabou fazendo a gente acreditar que podia dar certo", conta. Bruno assumiu publicamente a traição no fim do ano passado, quando foi entrevistado por Marília Gabriela, no canal GNT."Eu viveria tudo de novo, não tenho vergonha. Tudo o que aconteceu foi importante para nosso amadurecimento como casal. Mudou tudo: o ciúme que eu tinha não existe mais, a insegurança em relação à lealdade e à fidelidade, tudo ficou muito mais concreto."

18h A sessão de fotos termina. No dia seguinte teria mais. Fotografariam juntos para um catálogo de moda praia. Eles partem. Pelo Instagram, Giovanna posta uma foto do casal a caminho da ponte aérea, com a legenda:"Depois de um dia incrível com el maridón… Going back home". Nada como a rotina do casamento.

Vai lá: A outra parte deste ensaio, com Bruno Gagliasso como protagonista, está na Tpm.

Daniel de Oliveira e a Volvo Ocean Race no Trip TV #45

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Nesta semana conversamos com o jovem e talentoso Daniel de Oliveira, ator que ganhou fama e reconhecimento em 2004 como protagonista do filme Cazuza, o tempo não para e que atualmente está nos cinemas com as obras Estrada 47 e Romance policial. Daniel, que costuma interpretar personagens bem dramáticos e pesados, conta como escolhe seus trabalhos e fala sobre cinema nacional, paternidade e redes sociais: "Não curto muito. Gosto da vida ao vivo".

O programa também passa a limpo a trajetória do escritor e colunista da revista Trip, Luiz Mendes. Condenado por roubo e homicídio, Luiz ficou preso por mais de 30 anos e, na penitenciária, descobriu sua redenção na literatura: "Matei um cara na cadeia e cheguei a ser condenado a 132 anos. Entrei em depressão profunda. E aí comecei a estudar na cela sozinho". E ainda nesta edição do Trip TV.

A batalha e as aventuras da única equipe feminina a disputar a Volvo Ocean Race, misto de Fórmula 1 e Rally Dakkar dos mares e uma das mais extremas e radicais regatas do mundo. E enquanto a popularização da internet e dos aparelhos celulares vai revolucionando os mais diversos tipos de negócio (do jornalismo à gastronomia, do hotel ao táxi, parece que nada vai ser como era há dez anos) o programa tenta dar uma espiada no futuro no Festival Path, evento sobre inovação que aconteceu no mês passado em São Paulo.

A Trip Girl Geiza Rodrigues nua

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Geiza Rodrigues veio para São Paulo no fim de 2010. Mas às vezes perde a memória exata das coisas. Sabe o que aconteceu, mas não sabe quando.

Começou a ser modelo aos 17 anos, em Curitiba. Estava no terceiro colegial. Ficava entre a escola e a agência. Mas o mercado da cidade era modesto, trabalhos minguavam. Em 2010, a agência onde trabalhava foi comprada por uma outra, de Lisboa. Então, Geiza foi para Lisboa. Ficou na capital portuguesa três, quatro meses. Em novembro do mesmo ano, voltou ao Brasil e decidiu passar um tempo em São Paulo, numa agência que também havia sido comprada pelos portugueses. 

Dos 12 até os 17 anos, morou em Braganey, uma cidade de 2 mil habitantes, próxima a Cascavel, no interior do Paraná. A avó dela vive lá até hoje. Aos 14, quando descobriu a internet, o Orkut, Geiza decidiu que não queria mais ficar no interior. Via tudo acontecendo fora dali. Lembra que era o boom da MTV. Gostava de hardcore, de rock. Legião Urbana, Smashing Pumpkins, Silverchair. Decidiu ser modelo. A cena que enxergava era a de Curitiba, queria fazer parte daquilo. Geiza sempre foi muito sozinha. Tem uma irmã mais nova, de 12 anos. Geiza tem 22. 

Não é mais uma new face, mas ainda não tem uma carreira consolidada. Considera ruim esse lugar intermediário, uma espécie de vão, nem uma coisa nem outra. Fala que a transição é difícil, a competição é grande: se você é um nadador, vai ter que nadar mais rápido, se preparar, treinar. Uma modelo, por mais que faça dieta, seja magra, tenha atitude, às vezes isso tudo não basta, às vezes o que procuram é uma beleza específica, não adianta ser loira se para o trabalho querem uma ruiva.

Quando se mudou para São Paulo, Geiza começou a ver filmes, para buscar referências. O cinema começou a influenciar sua vida de modelo. Aprendeu que de trabalho para trabalho, as personalidades mudam, que às vezes é preciso ser mais contida; outras, mais atirada, ou misteriosa, encontrar o gestual adequado. É um tipo de inteligência. Saber caminhar, onde pôr as mãos. Nisso o cinema a ajudou.

Um dos filmes preferidos de Geiza chama-se Fuga da realidade, do alemão Christian Bach. É a história de um homem que vai perdendo o controle de sua própria mente. Geiza também gosta de Waking life, O show de Truman, Closer. E de cinema brasileiro. O homem que copiava, Amarelo manga, Praia do futuro, Durval discos. Diz que cada filme tem um ponto de delicadeza, uma cena, um insight. Fala que sempre consegue tirar algo dos filmes. Mas não gostaria de ser atriz. 

Geiza foi para Londres, Nova York e Lisboa. Gostou muito de Lisboa. Gosta de Nova York, mas diz que Lisboa tem um aconchego, acha que poderia morar lá. E lá aprendeu a se virar. Lisboa é uma cidade pequena, Geiza andava muito a pé. Ia de um lado para o outro. Geiza gosta de viajar. Quer conhecer Is-rael, o Japão, a Alemanha. Geiza, canceriana, discute com um amigo, ariano: Preciso viajar, estou cansada de São Paulo. Ele: Não adianta você viajar, o cansaço está em você, não é a viagem que vai mudar isto. Mas ela não dá bola. Diz que viajar cura.

Ela descobriu um jeito de viajar quando estava em Lisboa. Começou a conhecer a cidade através dos livros do Fernando Pessoa. Em Nova York, foi guiada pela cena hip-hop, queria viver como imigrante, como alguém de fora. Lá, gostava dos bairros indianos, muçulmanos. O primeiro lugar que morou em São Paulo foi na rua Francisco Leitão, em Pinheiros. Diz que Durval discos, o filme, se passava ali perto. Ela gosta disso. De saber que aquele lugar havia sido cenário da história, desses detalhes. Fala que tem sempre algo mágico que envolve os lugares. 

Hoje, Geiza mora com mais quatro meninas, todas modelos. Elas se dão bem. Quando veio a São Paulo, morava com dez meninas. Era um apartamento grande, mas com dez pessoas dividindo banheiros, uma cozinha, um fogão. Dez pessoas cozinhando: alguém acorda, faz barulho, Geiza lembra que era difícil. As meninas com quem mora agora já são mais estabelecidas, mais seguras. Geiza gosta disso. Considera uma segunda fase em sua vida. E nesta fase quer aprender a nadar.

Geiza se afogou duas vezes. A primeira foi quando tinha 5 anos, no parque Tanguá, em Curitiba; a outra foi com seus primos, no sítio da família. No parque Tanguá, ela estava com o pai. Eles moravam perto do parque. Todos os dias, quando chegava da escola, o pai a levava até lá. Ela tinha uns 4, 5 anos. 

Um dia, Geiza ficou olhando, hipnotizada, os girinos num dos lagos. Nessa hora, um amigo do pai, que passava pela ciclovia, o chamou. O pai se distraiu, e Geiza caiu. Ela lembra que estava com uma camiseta do Mickey, foi para casa toda molhada, a camiseta grudada no corpo. O pai dizendo: Não conta para sua mãe, não conta para a sua mãe. Depois, o pai e a mãe brigaram. Não foi fácil. Na praia, depois, não deixava a água passar do joelho. Geiza perdeu um trabalho por não saber nadar. Ela pensava: se eu cair na piscina, o que eu faço? 

Mas está num processo de perder o medo. Diz que está se soltando. Também está perdendo a timidez. Geiza conta que, na infância, era sempre a mais calada. Mudava de escolas quase todos os anos, mas não se lembra do motivo. Os pais mudavam bastante de casa, e sempre que se mudavam, Geiza ia para uma escola nova. Mas sorri e diz que considera esse o seu destino. Em São Paulo, morou em quatro casas, em quatro anos. Parece que nunca vai parar, que nunca vai comprar uma casa, ou ter uma família. Parece que está sempre pronta para mudar tudo.

A verdade é que Geiza se vira bem sozinha. Se quer ir ao cinema e não tem companhia, vai assim mesmo. No último mês, Geiza leu Marsemfim, do navegador Amyr Klink. Ela gosta da maneira como Klink descreve a solidão no mar. Ele fala do silêncio, de como os dias passam de um jeito diferente quando se está no mar. Geiza tem uma frase preferida de Klink: pior que nunca terminar uma viagem é nunca partir.

Guga, encontro entre ruivos e o homem mais feliz do mundo

Luis Lobianco, Ian SBF e Araquém Alcântara


Taís Araújo é Trip Girl em ensaio sensual para as lentes de J.R. Duran

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Há bem pouco tempo, Taís Araújo esquivava-se de parecer sensual. Mas isso foi mudando, e mudou. A atriz, que superou preconceitos desde que foi catapultada à fama, aos 17 anos, na extinta tevê Manchete, encarnando Xica da Silva (1996), se tornou uma mulher forte, segura. E topou fazer o primeiro ensaio sensual de sua carreira. Embora acredite que o foco na sexualidade possa ser cruel. "Adoro parecer mulherão, mas ser apenas isso é injusto", fala.

Quando foi para a Globo, encarnou papéis menores até surgir como estrela em Da cor do pecado (2004) e, mais tarde, viver uma vilã em Cobras e lagartos (2006). Apesar do sucesso e burburinho ao seu redor, não costumava estampar capas de revistas. "Fui conquistando meu espaço com diplomacia. E sem essa de coitadinha. Eu sou negra, tinha consciência do país em que nasci", afirma.

Foi só quando fez A favorita (2008) que passou a ter lugar cativo em capas de revistas e suplementos de jornal, vencendo o mito de que artistas de pele escura derrubam números de circulação. Mesmo assim, por muito tempo, para estar em uma capa não bastava ser Taís, era preciso ter ao lado frases ligadas a inclusão social, superação. Teve uma revista que até afinou seu nariz – "patético", ela lembra.

Helena negra
Quando, em 2009, foi chamada para viver uma das Helenas do autor Manoel Carlos, em Viver a vida, ganhou a mídia mais uma vez. Era um acontecimento: faria a primeira personagem de sua vida que poderia ser encenada também por uma atriz branca. Mas as críticas negativas que encarou na estreia jogaram sua autoestima no chão.

Taís sofreu, chorou, cancelou entrevistas, mas hoje vai assimilando que Helena não foi um fiasco – e ainda é uma de suas personagens mais lembradas. "Eu tinha uma limitação crítica na época. Estava frágil como atriz, nunca havia sido metralhada. Achava que minha carreira iria acabar." Com o episódio, aprendeu que nem toda protagonista é uma boa escolha. Decidiu reconstruir quem gostaria de ser – e começou a, entre outras coisas, produzir teatro.

Em setembro, ela volta à TV na série cômica Mr. Brau, em que atua ao lado do marido, Lázaro Ramos. Ele faz um cantor popular; ela, um misto de esposa, dançarina e empresária. Em outubro, os dois estreiam em São Paulo a peça O topo da montanha, que recria o último dia da vida de Martin Luther King. No cinema, ela acaba de finalizar Ladrões de caneco, de Caíto Ortiz, sobre o roubo da taça Jules Rimet, e se prepara para filmar Empreguetes, consequência do sucesso da novela Cheias de charme (2012).

Lázaro entrou em sua vida 11 anos atrás. Ela conta que tremeu no dia em que ele lhe enviou flores, enquanto ainda era noiva de outro homem. "Retribuí as flores e terminei meu noivado. Fiz tudo direitinho para a gente começar. E o Lázaro acreditou que eu era uma mulher direita", gargalha. Os dois viveram uma separação de oito meses em 2008. Gata, magra, jovem, ela diz que curtiu adoidado. Quer dizer, tentou. Pois, nesse período, amadora, conseguiu engatar um namoro fugaz, de três meses. "Era um amigo de infância e me arrependo de ter perdido essa amizade", lamenta. O hiato foi importante para que ela e Lázaro reconhecessem o amor que sentiam um pelo outro. Os dois voltaram e desde então eles têm o que ela define como um casamento normal, desses em que "ninguém é feliz o tempo inteiro".

Os dois se complementam. "Acho que dei leveza a ele, e ele me trouxe densidade." Lázaro, ela diz, perdeu o receio da televisão e ela mergulhou cada vez mais no mundo dele. E passou a dar mais atenção à questão da negritude, com uma consciência que ela não tinha quando era mais nova. Sobre a infindável discussão sobre o politicamente correto, ela se coloca favorável a certos limites. "Piada que só ri quem está contando, e faz o outro chorar, não tem graça", fala. "Claro que há coisas que beiram a antipatia, mas se você for ao centro da questão, vai ver que é tudo preconceito. A mesma história da polêmica do Monteiro Lobato ser ou não racista."

Taís pondera que o autor de Sítio do Pica-Pau-Amarelo era um homem de sua época. Não acha normal o tratamento que o autor deu à Tia Anastácia, mas acredita que, se fosse hoje, ele mesmo não a chamaria de macaca. "Porque nós não permitiríamos. Eu sou uma mulher do meu tempo, cheia de críticas ao tempo dele." A Taís engajada acha que "o Brasil começa a parar de mentir que não tem preconceito e está aprendendo a tratar o assunto".

Mãe de João Vicente, de 4 anos, e Maria Antônia, 6 meses, ela afirma que a maternidade derrubou muitos de seus clichês. Inclusive aquele de que se é 100% alegre com os filhos. "Você se sente impotente, com medo de não conseguir protegê-los." Maria Antônia nem sabe, mas talvez seja a grande responsável pelo momento "corpão" que a mãe exibe neste ensaio. Impedida de amamentar a filha, por conta de antibióticos que teve que tomar logo que ela nasceu, Taís quase entrou em depressão. "Mas fiz do limão uma limonada. Me recuperei, fui malhar, fazer dieta", conta. "A idade me fez gostar de ter bunda e detestar ser magrela. Mas acho que", para um pouco, posa para mais uma foto, "deve ser ótimo mesmo é ser gostosa aos 40", ri.

Juca de Oliveira, Kyra Gracie e um campeonato só de hipsters

Mc Carol, nudez masculina e a mania das selfies

Pablo, José Mariano Beltrame, ovnis e vida sem Facebook

Novas metas da ONU e as utopias modernas: Trip #247 nas bancas!

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Reprodução

Capa da edição #247 da revista Trip. Já nas bancas!  

Enquanto parte da população mundial consome 1,6 planeta por ano, 800 milhões de pessoas sofrem com a fome e a pobreza extrema. Como salvar a humanidade dela mesma? Para dar uma resposta a essa pergunta, a ONU lança este mês 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, metas urgentes que buscam soluções para este panorama sombrio. Em reportagem de Natacha Cortêz, Trip investiga quais são esses objetivos e como alcançá-los. 

Em reportagem especial de Eda Nagayama, a revista vai à Sicília para conversar com quatro dos 300 mil imigrantes que tentaram cruzar o Mediterrâneo em 2015 atrás do sonho de uma vida digna. Nas Páginas Negras, entrevista com o lama Michel Rinponche, paulistano que, aos 5 anos de idade, foi identificado como a reencarnação de um sacerdote budista e trocou o conforto de uma existência de classe média pela simplicidade da vida monástica.

Em perfil do editor Renan Dissenha Fagundes, jornada épica da bióloga Bianca Figueiredo, 31 anos, a única brasileira a bordo dos navios da organização ambiental Sea Shepherd nos mais de cem dias de perseguição a um pesqueiro ilegal. 

Os sonhos da Trip Girl Camila Storchi, praticante de mergulho livre, nossa Brooke Shields gaúcha. E mais: o escritor Daniel Galera escreve sobre o mundo pós-utópico e catastrófico dos romances de "ficção climática" (o chamado cli-fi); entrevista com o economista Paul Mason sobre a utopia do pós-capitalismo; perfil de Regina Tchely, ex-empregada doméstica que realiza oficinas de reaproveitamento de alimentos pelo mundo; e conversa com o suíço Ernst Gotsch, que recuperou um microclima de 460 hectares no sertão da Bahia.

Camila Storchi: monofin, amor, Havaí e utopia

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Luiza campos

Camila Storchi é uma sereia. E, não, essa frase não é força de expressão nem cantada barata. Mas, então, você dirá, com razão, que esses seres não existem. Claro, Camila não é uma sereia mitológica – do tipo que obriga Ulisses a se amarrar num mastro para, enfeitiçado por seu canto, não se deixar afogar, na Odisseia de Homero. Camila é uma sereia profissional. Modelo e surfista gaúcha radicada no Havaí há cinco anos, ela pratica mergulho livre com monofin – nadadeira única em que se colocam os dois pés, diferente da tradicional dupla de pés de pato. Foi um ano depois de se mudar para o arquipélago que ela decidiu customizar uma cauda de sereia para vestir sobre a monofin e as pernas. Desde então, é convidada para protagonizar diversas campanhas publicitárias com o figurino.

Como convém a este início de século 21, Camila é também uma sereia ativista. Ela usa a cauda para chamar a atenção para as muitas causas ambientais que promove no Havaí, como a campanha para recolher lixo das praias e dos mares promovida pela organização Sustainable Coastlines. Se ganha a vida como sereia, sereia ela é. Isso é ponto pacífico.

Ainda que não seja uma sereia mitológica, Camila encanta aqueles que a vislumbram mergulhando pelos mares da ilha de Oahu, como Sharks Cove, West Side ou Hawaii Kai. Muitas crianças acham que ela é uma sereia de verdade. Já os adultos – ao se depararem com a gaúcha de 28 anos, cabelos loiros e olhos verdes, corpo atlético distribuído em 1,73 metro de altura – fazem cara de bobo como Tom Hanks ao ver Daryl Hannah em Splash – Uma sereia em minha vida (1984).

Luiza campos

Embora a lembrança de Splash seja frequente no cotidiano de sereia de Camila, foi em outro filme da Sessão da tarde que ela pensou ao fazer este ensaio para a Trip. Um dia, a modelo posou para uma campanha clicada pela brasileira Luiza Campos em uma praia. Trocou de roupa ali mesmo, ao ar livre, na frente da fotógrafa. “Não foi uma coisa maliciosa. Vejo o corpo como um meio de locomoção do espírito.”
Elas falaram sobre a beleza do corpo feminino e a força da natureza, sobre liberdade e repressão, sobre nudez e fotografia. Ali surgiu a ideia de se encontrarem outro dia para fazer um ensaio sensual apenas com alguns tecidos, o corpo de Camila e a natureza ainda selvagem das praias havaianas.

A inspiração? Lagoa Azul (1980), o clássico das matinês com Brooke Shields – que não deixa de ser uma sereia no filme, mas sem a cauda. “Meu estilo de vida lembra muito o filme, que eu vi na adolescência. Vou pro mar ou pra cachoeira e, se não tem ninguém por perto, tiro a roupa e entro na água. Me sinto como a Brooke Shields vivendo em um paraíso intocado.”

Camila sonhava em morar no Havaí desde a adolescência. Nascida e criada na cultura de praia de Torres (RS), filha de uma geóloga e de um publicitário, ela se tornou campeã gaúcha de surf, deu aulas de ioga e se formou em educação física. Aí, enfim, teve a autorização dos pais para botar o pé no mundo. Fez uma parada de três anos em San Diego, na Califórnia, antes de mergulhar fundo no Havaí.

Luiza Campos

Não foi apenas o surf que atraiu Camila para o North Shore de Oahu. Ela é fascinada também pelo lifestyle havaiano. “Aqui as pessoas têm uma tradição de luta pela preservação da natureza e das raízes culturais, algo que se perdeu no Brasil.” Apesar da fama de “localismo” dos havaianos, Camila diz ter sido bem recebida. “No primeiro semestre, minha casa pegou fogo, perdi tudo, pranchas, computador, câmera, skate, roupas. Minha roommate, que era conhecida pela comunidade, contou para as pessoas sobre nossas perdas, e elas foram fazendo doações. Em uma semana, já tínhamos mais coisas do que antes do incêndio. Foi aí que senti a força do Aloha.”

Um dia típico da rotina de Camila no Havaí tem as manhãs livres para esportes, seja mergulho, trilha, ioga ou surf (V-Land, Rocky Point e Pipeline com menos de 6 pés são os picos preferidos dessa “goofy footer”); as tardes ela dedica aos projetos ambientais, trabalhando no computador ou em campo, sobretudo para recolher lixo das praias e do fundo do mar; de noite ela bate ponto como garçonete de um bar para pagar as contas. A renda é complementada com seu trabalho como modelo, seja na versão Camila sereia ou Camila original. Mas ela se recusa a fazer campanhas de produtos em que não acredita; por isso, já recusou trabalhos para uma empresa de bronzeamento artificial e outra da indústria farmacêutica.

Morando em uma casa na espetacular Waimea Bay, a vegetariana Camila diz viver uma utopia particular no Havaí. “Eu vejo a terra de onde minha comida vem. Colho frutas das árvores. Troco por vegetais com os amigos. Compro ovos da galinha da vizinha. Vou para a praia e não tranco o carro. Surfo as melhores ondas. Não tenho do que reclamar e não tenho pressa de ir embora. Minha vida é um flow”, afirma. “Quando me perguntam com quem eu ando, respondo que ando com os peixes, as tartarugas, os golfinhos. Sempre encontro alguns quando vou mergulhar.”

Luiza Campos

Camila também tem uma utopia coletiva: “Um mundo onde não existam fronteiras, onde a religião é o amor, onde não exista corrupção e a natureza seja respeitada, onde todas as pessoas tenham a oportunidade de conhecer todos os lugares, vivenciar a cultura e respeitar o próximo com suas diferenças”.

Ela vê o Havaí muito mais perto dessa utopia do que o Brasil: “Quando leio as notícias sobre meu país, chega a dar dor no estômago. Me faz mal. Dá vontade de pegar o avião e fazer uma revolução”. Mas, por enquanto, ela pretende continuar no Havaí e tentar mudar o mundo pelo caminho mais demorado da conscientização ambiental.

Camila namora há pouco tempo um fotógrafo americano que, como ela, trabalha como voluntário da Sustainable Coastlines. “Nós compartilhamos os mesmos ideais. E, como é fotógrafo, ele entendeu perfeitamente a proposta deste ensaio para a Trip.”

Perguntada sobre a importância do sexo em sua vida, Camila responde: “O sexo é uma atividade de troca de energia muito poderosa e devemos prestar muita atenção com quem trocamos nossa energia. Tive experiências com poucas pessoas, mas muito intensas. Acho que o sexo tântrico é a forma mais pura dessa troca de energia”.

Fotos da Trip Girl Scheila Santos

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David Peixoto

Scheila Santos 

 

Segundo a astrologia, a mulher de escorpião é sedutora, intuitiva e firme. Ok. Mas nem precisaríamos da astrologia para dizer que Scheila Santos é: exatamente assim.  

Há um ano e meio, ela vive na ponte aérea SP-NY, um mês lá, um mês cá. Advogada de formação, Scheila é modelo desde os 13 anos, além de estudar fotografia e cinema. O objetivo dessa vida sem muita rotina, entre Brasil e Estados Unidos, é ver como funcionam os bastidores da moda, aprender a criar e fazer desfiles. Tudo para ampliar o trabalho que vem realizando nas lojas que mantém com a sócia e irmã mais nova, Carolina. Se antes as duas compravam peças para revender, Scheila agora quer botar a mão na massa. No momento, está criando sua primeira coleção, de jeans. A ideia é lançá-la em São Paulo daqui a alguns meses.

Scheila nasceu no interior do Paraná, em Marechal Cândido Rondon, cidade com 50 mil habitantes, perto de Foz do Iguaçu. Cresceu livre, brincando na rua. "Fui criança quando deveria ser, e isso tem um impacto grande na minha vida hoje", diz. Na adolescência, saiu de casa para estudar e modelar. Tornou-se uma mulher do mundo, que adora viajar. Já morou na Inglaterra e na Itália – inclusive, o nome da grife que criou com a irmã, Moscova, é o mesmo do bairro onde vivia, em Milão. "Gosto da cidade grande, mas sou do interior. Tento sempre ter comigo algo da qualidade de vida da minha cidade", diz. Durante a faculdade de direito, teve que dar um tempo na carreira de modelo. Voltou há pouco mais de um ano, incentivada pela agente a aproveitar o tempo que passa fora do Brasil.

"Já mandei nude para namorado, claro. Acho que isso aproxima o casal. Mas é preciso intimidade para fazer" 

Louca por arte, quando está em Nova York, Scheila frequenta museus, como o MoMA e o Met, as galerias do Soho e gosta de ver os artistas de rua, gente tocando jazz, pintando. Tem muitos amigos na cidade. Já foi mais baladeira; hoje curte tomar vinho em algum restaurante ou drinks em bares de hotéis. Dificilmente fica solteira, mas no momento diz que está curtindo a vida. 

Mostra e não mostra

"Eu tinha decidido realmente ficar sozinha, por não estar vivendo em nenhum lugar fixo. Mas sempre tem alguém…", fala. Sobre namorar à distância, pelo WhatsApp ou pelo Facetime, não acha mau. "Essas ferramentas ajudam, porque você consegue ver, conversar. A tecnologia aproxima", reflete, embora confesse não curtir muito a ideia de entrar no Happn ou no Tinder. Ela gosta de conhecer amigo de amigo, gosta do jogo da conquista. "O que mais me agrada é a ideia de estar sendo conquistada e estar conquistando. Volto pra casa feliz, sabe?"

Outra coisa que Scheila gosta é de trocar mensagens mais quentes, no celular. "Acho ótimo!", diz, empolgada. Já sobre nudes e vídeos, tem o pé atrás. "Quando existe intimidade é legal. Já mandei para namorado, claro. Envio imagens de partes do meu corpo. Acho bem bom, principalmente quando a pessoa está longe, como no meu caso. É legal ver que o cara tá pensando em você, mandando uma foto sensual. Isso aproxima o casal. Mas tem que ter um relacionamento e intimidade para fazer", defende. 

Esse é o primeiro ensaio nu de Scheila.Apesar de dizer que tirar a roupa não foi tão fácil, ela sabe que está mais gata do que nunca às vésperas de completar 32 anos. "O primeiro ano depois que fiz 30 foi difícil, achei estranho, foram tempos de muita autoanálise e autocrítica", ri. 

Para Scheila, a fotografia é um jeito de parar no tempo. "Gosto desse mostra e não mostra das fotos", diz. Na costela, perto do seio esquerdo, Scheila tem escrito "serva de Deus", em inglês. Carol, a irmã caçula, tem três tatuagens, o que incentivou Scheila a registrar no corpo uma frase que marcasse sua fé. "Nunca me achei um mulherão, tenho corpo de menina, peito pequeno. A tatuagem me deixou mais sensual", fala, enquanto espera a próxima viagem – e estar no ar novamente. 

"O primeiro ano depois que fiz 30 anos foi difícil, foram tempos de muita autoanálise e autocrítica"


Raí, Miguel Rio Branco e a Chefona dos Racionais

Fotos da Trip Girl Nola

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Autumn Sonnichsen

 

 

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Conheci a Nola no meio deste paraíso seco e vermelho.

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Ela estava andando do lado de uma estrada de terra de shortinho e biquíni vermelho, sozinha, com o cabelão loiro solto caindo pelas costas. Eu estava enfiada num jipe com uns jornalistas brasileiros, e um deles me disse: “Autumn, olha essa moça, ela parece um anjo selvagem”. Paramos o carro e pedi para tirar uma foto dela. Ela abriu um sorriso tímido e jogou o cabelo para o lado, subindo no capô do nosso carro. Me disse que trabalhava como garçonete no restaurante do hotel no qual estávamos hospedados, contou que tinha acabado de terminar o expediente e estava indo fazer uma trilha de final de tarde com as amigas. No dia seguinte, os jornalistas brasileiros foram embora, e ela me levou para conhecer seus cantos e pedras favoritos do deserto. Passamos a tarde juntas, ela soltou o cabelo, tirou a roupa, aprendeu a empinar o bumbum, me contou da vida dela, com a voz mole e o sorriso solto.


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Nola tem 26 anos, nasceu e foi criada em um subúrbio de Seattle, no noroeste dos Estados Unidos. Disse que se mudou para Utah quando teve a “crise dos 25”. Tinha terminado a faculdade e estava trabalhando como gerente de um cafezinho em Seattle quando se deu conta de que nunca tinha morado fora da cidade. Ela teve uma infância linda, tranquila, andando de bicicleta até de noite com os vizinhos, explorando as montanhas. Um dia, um primo que trabalhava num resort de esqui em Utah mostrou a ela fotos das montanhas e da neve. Nola entendeu que, se não saísse da sua cidade naquele momento, nunca iria crescer.



''Passamos a tarde juntas, ela soltou o cabelo, tirou a roupa, aprendeu a empinar o bumbum, me contou da vida dela, com a voz mole e o sorriso solto'' 
 

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“Eu nunca tinha morado sozinha e tinha medo – mas estava enfeitiçada.”

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Nola se mudou para Utah, e foi no resort de esqui que conheceu sua melhor amiga, Sidney. “Ela me colocou debaixo do braço dela, me tornei sua pupila. Antes tinha medo de experimentar coisas novas, mas aprendi a me empolgar com as novidades. É assim que crescemos e alimentamos as nossas almas.” E foi ali que começou o amor pela escalada. “Foi a Sidney que me levou para escalar pela primeira vez em Salt Lake City, e foi ela que me convenceu a pegar esse trabalho de estação de esqui em Moab.” Moab é um dos melhores destinos de escalada no mundo, marcado pela terra vermelha e por uma porção de pedras com formações bizarras. São as pedras mais antigas da Terra. Um lugar místico, um lugar para se encontrar, um lugar para ser livre. “Logo depois que fizemos esse ensaio fui com um namorado até as montanhas La Sal, ficamos acampados, escalando todos os dias. Esse cara me ensinou muito sobre disciplina e a escalada como esporte.” Os olhos dela brilham quando lembra disso.

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“Sou meio bicho solto no amor. Essa vida de trabalhar em cantos diferentes dependendo da estação me dá a liberdade de me apaixonar por gente muito especial em lugares novos. Eu lembro de todos eles com muito carinho. Mas eu realmente acredito que meu amor verdadeiro está guardado, em algum lugar, e estou empolgada para quando chegar o dia de nos conhecermos. Gosto de acreditar que só estamos nos preparando para nos encontrar.”

''Quero me mandar, viver aventuras. Quero começar a esquiar em lugares remotos, fazer trilha e esqui ao mesmo tempo. Ouvi dizer que a temporada de neve vai ser incrível este ano''


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Até lá, uma vida de estrada. Nola vai passar os próximos meses em Seattle, depois deve voltar para Salt Lake para trabalhar num outro resort de esqui durante o inverno. Depois, sem planos. “Quero pegar meu passe de esqui e me mandar, viver aventuras com as minhas amigas na neve. Quero começar a esquiar em lugares mais remotos, fazer trilha e esqui ao mesmo tempo. Ouvi dizer que a temporada de neve vai ser incrível este ano. Estou empolgadíssima.”

 

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Paola Carosella

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